“Fake news comprometem o voto consciente”, aponta Lamachia

Brasília – O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, participou nesta quarta-feira (8), no Senado Federal, do Seminário Fake News e as Plataformas Digitais, que abordou o tema ‘A Internet Será o Maior Palanque dos Candidatos nas Eleições de 2018’. Na ocasião, Lamachia afirmou que as fake news impactam diretamente o voto consciente dos cidadãos.

 “Esse tema tem um grande impacto no cenário eleitoral. Percebendo isso, a OAB está lançando uma campanha nacional pela consciência na hora de votar. As fake news comprometem e impactam diretamente o voto consciente dos cidadãos. Sabemos que voto não tem preço, ele tem consequências, e a consequência de uma escolha mal feita é a representação exata dessa crise que vivemos”, apontou Lamachia.

Ele ressaltou que a disseminação de dados falsos vai além das eleições. “O alcance das fake news vai muito além do âmbito eleitoral, atingindo áreas como segurança, saúde, educação e a própria Justiça. Precisamos nos conscientizar do mal que isso tem feito. É algo que deve ser combatido diuturnamente. Há um estudo que mostra que há um compartilhamento de notícias falsas até 70% maior do que o das notícias verdadeiras”, alertou. 

 Lamachia enfatizou que a liberdade de expressão é clausula pétrea e a liberdade de imprensa é essência da própria democracia. “Para os males de uma má informação, o remédio é mais informação. Devemos a cada momento reforçar a necessidade de um jornalismo responsável, comprometido com a credibilidade, com fontes sérias e confiáveis. Temos reclamado muito dessa crise ética e moral que o País atravessa. É munido de informação de qualidade que o cidadão prestará uma contribuição cada vez mais efetiva”, disse.

“É necessário que o Brasil se mobilize na busca por uma nova maioria, que caminhe por mais encontro e menos confronto. E isso passa pelo cumprimento do papel do cidadão de não repassar informações sabidamente falsas, checar sempre que possível a veracidade do que se recebe, conscientizar pessoas ao seu redor. Vamos buscar conhecer propostas, ideias, proposições verdadeiras”, completou.  

Por fim, Lamachia refutou a ideia vaga de que votos brancos e nulos fazem bem ao processo eleitoral e à democracia, como sugere uma corrente de fake news compartilhada nas redes sociais nos últimos meses: “Um debate produtivo e real deve ser capaz de acabar com esta linha de intolerância e descrença que temos hoje”. 

Elogio à campanha

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que preside a Fundação Milton Campos – organizadora no Seminário – pontuou na abertura que o momento é de grandes desafios para o Brasil. Ela destacou a importância das campanhas da OAB pela conscientização do voto, sobretudo a iniciativa Voto Não tem Preço, tem Consequência. “A OAB vem fazendo campanhas não somente em favor do voto consciente, mas do combate vigilante às fake news. São iniciativas que engrandecem e fortalecem, sem dúvida nenhuma, e de modo absolutamente cidadão, o pleito eleitoral e a própria cidadania”, apontou. 

Impactos em áreas sensíveis

Gilberto Occhi, ministro da Saúde, apontou que o tema é muito importante para a área da pasta que dirige. “Temos percebido no Brasil uma queda importante nos índices de poliomielite e sarampo devido à disseminação de notícias falsas. Elas trazem dados extremamente danosos ao conhecimento e à informação da nossa sociedade, compartilhados sem qualquer verificação da veracidade. Normalmente apresentam um alerta, uma novidade gritante, e esse é um dos fatores de uma propagação quase automática”, alertou. 

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, falou em seguida. “Quanto maior a exposição pública de quem fala desinformado, maior a propagação do erro. Fake news é mais do que mentira: é a intenção dolosa de causar dano. Hoje, o grande problema é que remunera-se cada clique dado numa noticia falsa”, lamentou. 

Consequências

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) externou preocupação com a dimensão que o tema ganhou nos últimos meses. “Hoje cerca de 12 milhões de pessoas difundem notícias falsas com frequência, seja por falta de apuração ou por quaisquer motivos. É necessário maturar uma legislação que puna exemplarmente. É importante preservar as informações, mas é crucial preservar a vida”. 

 Humberto Jacques, vice-procurador do Ministério Público Eleitoral, apontou que a mentira é um problema que acompanha a humanidade. “Fake news estimulam nas pessoas um dever de reação normalmente violenta. São uma afronta ao jornalismo, uma desqualificação à comunicação. O novo arranjo no ecossistema da comunicação social coloca muito mais pessoas na condição de emissoras, ampliando os canais e a velocidade. O amadorismo, a malícia, o dolo e a desinformação reaparecem”, abordou. 

 Pablo Scotellaro, presidente do Centro de Estudos para o Desenvolvimento das Telecomunicações e Acesso à Informação pela Sociedade da América Latina, alertou para um grande problema – crônico, segundo ele – que é o pouco pensamento acerca da verdade, a conformação com tudo que chega aos ouvidos. 


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