Ex-presidentes da OAB Nacional debatem momento do país e defendem a democracia
A OAB Nacional realizou, no último domingo (5), um debate
histórico sobre a democracia. Em live transmitida pelo YouTube, a Ordem reuniu
seu presidente nacional, Felipe Santa Cruz, e os membros honorários vitalícios
Reginaldo Oscar de Castro, Cezar Brito, Ophir Cavalcante Junior e Marcus
Vinicius Furtado Coêlho. A live integra a campanha #OABpelaDemocracia.
Na abertura da transmissão, o presidente Felipe Santa Cruz
destacou a grandeza que se tornou marca histórica da OAB. “Temos não somente a
maior entidade da advocacia do mundo, com um milhão e trezentos mil
integrantes, mas também estamos em um ambiente jurídico onde há prerrogativas
profissionais e direitos que são oriundos dessa atuação histórica capitaneada
por todos os que me antecederam. Nós estamos sempre avançando porque nunca
abdicamos da tarefa de permitir que a Ordem dos advogados seja relevante para o
povo brasileiro, para o jurisdicionado. Nossa tarefa precípua é cuidar do
exercício do Direito, mas zelar pela democracia nos confere enorme
credibilidade”, afirmou.
O membro honorário vitalício Reginaldo Oscar de Castro, que
presidiu a OAB Nacional de 1998 a 2001, foi o primeiro a falar. “Devemos ser
muito cirúrgicos nesse momento que estamos passando, onde me parece ter havido
uma quebra de princípios que apontam para o bom senso da gestão dos poderes da
República. O discurso da Ordem sempre será capaz de auxiliar na resolução de
problemas, principalmente de impasses como estes que hoje estamos a assistir”,
apontou Castro.
Na sequência, foi a vez de Cezar Britto, que presidiu a OAB
Nacional de 2007 a 2010. “Por que estamos caminhando e em que sentido
caminhamos? Qual a razão de caminhar nestes tempos tão difíceis? Porque é da
essência da advocacia caminhar, é da nossa essência lutar por justiça. E não se
pode falar em justiça se ela não for vivenciada por todos e todas. Por essa
causa, somos caminhantes em defesa da democracia e das liberdades. As máscaras
civilizatórias caíram no Brasil e no mundo, as pessoas têm se mostrado como
elas são”, disse Britto.
O terceiro debatedor foi Ophir Cavalcante Júnior, que
presidiu a Ordem entre 2010 e 2013. “A OAB não perde sua centralidade na
resolução dos problemas. Ela atua amparada em três eixos: a defesa da
Constituição Federal, o fortalecimento das instituições pelo sistema de freios
e contrapesos, e as liberdades de toda natureza. Destes eixos a Ordem jamais se
afastou ou deixou de cuidar. Por isso, muitas vezes, ela é tida como contra
majoritária, defendendo o oposto do que a maioria queria que fosse”, observou.
Fechando os debates, falou o membro honorário vitalício
Marcus Vinicius Furtado Coêlho, que presidiu a OAB Nacional de 2013 a 2016.
“Winston Churchill disse certa vez: ‘a democracia é o pior dos regimes, exceto
todos os demais’. Ou seja, não há um regime onde haja a possibilidade do
desenvolvimento das potencialidades de uma nação que não o democrático. E
quando se percebe hoje discursos de saudosismo a regimes autoritários,
discursos de ódio e violência, discursos terraplanistas que querem ignorar a
ciência, me parece perversidade. Vivemos uma época em que não basta a defesa
romântica da democracia; é necessário fazer uma defesa militante”, afirmou
Coêlho.
No início da sessão, foi dedicado um minuto de silêncio à
memória do ex-presidente da OAB-MG, Aristóteles Atheniense, que faleceu na
última sexta-feira (3), aos 84 anos. O Conselho Federal da OAB já havia, ainda
na sexta-feira, decretado luto oficial de três dias.
A mobilização da advocacia pela democracia foi uma proposta da
Comissão Nacional de Defesa da República e da Democracia encaminhada pelo seu presidente,
Nabor Bulhões, com ações institucionais de fortalecimento do Estado Democrático
de Direito e a participação de todo o Sistema OAB na valorização de valores
republicanos e democráticos.
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