Painel de seminário da OAB analisa relação entre imprensa e advocacia

O segundo painel do seminário “Defesa da Liberdade de Expressão no Estado de Direito”, realizado na tarde desta quarta-feira (31/8), abordou a relação historicamente estabelecida entre imprensa e advocacia no contexto democrático. Os membros da Comissão Especial de Defesa da Liberdade de Expressão do Conselho Federal da OAB, Sérgio Renault e Camila Torres, mediaram as discussões da atividade.

O primeiro expositor foi o diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico, Márcio Chaer. “Países como o Brasil têm uma espécie de temor reverencial por poder e autoridade. Some-se a isso que criminalidade é algo que vende notícias. Logo, uma das vertentes do senso comum é a de que se pode tolerar determinados crimes, de menor potencial ofensivo, quando praticados por determinadas pessoas. O advogado, quando entra nesse ringue, já entra perdendo, pois o modelo de jornalismo praticado no país privilegia a acusação. Isso é natural, pois é o que vende. Há uma vocação cultural brasileira para o linchamento”, opinou Chaer.

Já o criador e diretor do portal jurídico Migalhas, Miguel Matos, lembrou o poder crescente que as redes sociais têm adquirido. “O jornalismo, olhando o que as pessoas estavam consumindo nas redes, passou a usá-las como um meio. Este, na minha opinião, foi um grande erro jornalístico: transmitir notícias pelas redes. O caráter noticioso começou a se confundir, a confusão se instalou e o anonimato é a máscara usada para destilar ódio, indignação, discriminação e preconceito. Muito da crise de credibilidade do jornalismo vem de sua entrada e seu estabelecimento desenfreado nas redes sociais. A atividade jornalística está virando escrava do algoritmo”, lamentou.

O advogado Alexandre Jobim, que integra a Comissão Especial de Defesa da Liberdade de Expressão do Conselho Federal da OAB, ressaltou que a sociedade e a própria imprensa – de modo corporativista – devem prestigiar o jornalismo profissional. “Qual é a questão limítrofe entre liberdade de expressão e o abuso de direito? A notícia, seja falsa ou verdadeira, é um conteúdo. Os responsáveis pela criação e disseminação, muitas vezes mediante impulsionamento financeiro, é que têm de ser responsabilizados quando o conteúdo for inverídico. Por isso a imprensa depende da advocacia e a advocacia depende da imprensa”, concluiu Jobim.


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