Papo em Ordem: Santa Cruz e Ailton Krenak debatem sobre a luta dos povos indígenas

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, recebeu o líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor, Ailton Krenak, em mais uma edição do Papo em Ordem, nesta quarta-feira (7). A entrevista abordou diversos temas, como a luta dos povos indígenas, meio ambiente, responsabilidade social e os impactos da pandemia de covid-19 para os povos indígenas e para a sociedade.

Felipe Santa Cruz começou abordando a importância de Ailton Krenak para o movimento indígena e para a defesa do meio ambiente. O presidente da OAB lembrou ainda do processo histórico com a Constituição Federal de 1988 e questionou o convidado acerca de avanços e retrocessos que vieram com a Constituição Cidadã. “Quero agradecer a sua participação e dizer que revi um discurso seu da época da construção do texto constitucional queria saber como você avalia o momento, passados 32 anos, como você enxerga esse processo histórico”, perguntou.

Ailton Krenak afirmou que a constituinte inaugurou um novo tempo para o país, mas que é preciso avançar ainda mais e envolver a sociedade brasileira num pacto com os países vizinhos da América do Sul. “Para mim é uma honra e um privilégio ter a oportunidade de tratar de um tema tão importante quando a Constituição Federal. A constituinte inaugurou um novo tempo, o Brasil estava chegando ao final do século XX com o desafio de ser um país contemporâneo. A Constituição é um pacto social e o que eu quero agora é um novo constitucionalismo latino-americano”, afirmou.

Ailton Krenak falou ainda sobre o processo de uma nova constituição que está ocorrendo no Chile a importância dos trabalhos que estão sendo conduzidos por uma representante dos povos originários. “A experiência no Chile não é apenas um rearranjo, algo temporário, é uma refundação do país. É um estímulo muito bem-vindo que eu espero que tenhamos no Brasil também. A OAB teve um papel decisivo na convocação dos debates da nossa constituinte e espero que outras entidades também se entusiasmem com uma refundação do Brasil. Estamos devendo o aprofundamento dessa experiência”, disse.

Sobre os impactos da pandemia na comunidade indígena, Ailton Krenak falou da importância do SUS e da ação da OAB em defesa dos povos originários. “A iniciativa mais importante no sentido de proteger a vida dos povos indígenas na pandemia foi quando conseguimos que o STF determinasse que o SUS mantivesse os distritos sanitários indígenas. Também asseguramos vacinas para os índios aldeados, para que eles fossem vacinados ainda no início de 2021. 80% de toda a população indígena no Brasil receberam as doses. Essa foi uma primeira ação protetiva importante. Apesar disso, nós não estamos andando por aí, porque sabemos que os demais brasileiros também precisam receber a vacina. Enquanto não tivermos pelo menos 70% da população vacinada, temos que manter os cuidados. Os indígenas estão mantendo a preocupação, porque já viveram outros genocídios e extermínios”, avaliou.

Sobre a defesa do meio ambiente, Ailton Krenak, que vive na região afetada pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), falou sobre a falta de ações efetivas para a recuperação da região e das pessoas afetadas pelo problema. “Do ponto de vista da engenharia e das ações promovidas por órgãos de controle ambiental, foi feita muito pouca coisa. São medidas paliativas, ações emergenciais. Dizer que o Rio Doce está sendo recuperado, enquanto as pessoas continuam sendo abastecidas com caminhão pipa, é uma falácia portanto. Estamos dependendo o tempo para recuperar o rio”, lamentou.


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