Presidentes seccionais do Centro-Oeste refletem sobre advocacia e panorama profissional
Os presidentes das quatro seccionais da região Centro-Oeste realizaram uma mesa de diálogo para marcar o encerramento do 1º Encontro de Presidentes de Seccionais e Caixas de Assistência do Centro-Oeste. O evento foi realizado na tarde desta quinta-feira (29/9), em Cuiabá. O tema da mesa que reuniu Gisela Cardoso (MT), Rafael Lara Martins (GO), Bitto Pereira (MS) e Délio Lins e Silva Júnior (DF) foi “Os desafios da advocacia do Centro-Oeste: diálogo propositivo e troca de experiências”. Na abertura do evento, falou o diretor-tesoureiro do Conselho Federal, Leonardo Campos.
A presidente da OAB-MT afirmou que a troca de experiências fortalece e conduz as seccionais à busca de soluções, resultados e ações semelhantes em razão das características que compartilham. Ela apontou a juventude como um traço marcante às seccionais do Centro-Oeste e falou sobre os desafios que isso gera para o Mato Grosso e toda a região.
“Necessitamos de uma capacitação profissional e atualização permanente, especialmente em temas específicos. Somos a região da jovem advocacia. Temos, em média, cerca de 30% das advogadas e advogados de nossas seccionais na jovem advocacia, com até cinco anos de exercício profissional. Essa característica em comum também demanda nossa busca por ações voltadas a essa parcela da advocacia. Coisas como inserção no mercado de trabalho e capacitação permanente. A advocacia do Centro-Oeste é jovem e precisa de ações voltadas à jovem advocacia”, afirmou Gisela.
O presidente da OAB-DF falou sobre prerrogativas no contexto pós-pandêmico. Ele salientou a perspectiva da chegada das novas tecnologias no cotidiano da advocacia e no seu relacionamento com o judiciário. “Vieram essas modificações, alterações e criações. Que bom que vieram, mas acho que o nosso maior problema ou dificuldade a partir de agora será encontrar um ponto de equilíbrio que traga a tecnologia que foi desenvolvida para ajudar, não para atrapalhar”, afirmou. “É muito importante que estejamos unidos e juntando forças para que possamos nos ajudar e ao nos ajudar, contribuir com o jurisdicionado. Esse período de pandemia mostrou isso de uma forma muito clara”, acrescentou ele.
Automação e trabalho
O futuro do trabalho e da advocacia foi o tema abordado pelo presidente da OAB-MS. Ele tratou da evolução da inteligência artificial e como isso pode afetar os postos de trabalho e a dinâmica do mercado. “Estamos num mundo de computadores que fazem 50 mil decisões judiciais. Num mundo de automatização e inteligência artificial que também impactarão a advocacia. As questões são: como, quando e de que forma. Ao estudar esse tema, descobri que a Universidade de Oxford tem feito um trabalho rotineiro sobre isso há alguns anos para entender se seremos ou não todos nós, num futuro breve, substituídos por máquinas”, declarou.
Pereira arriscou uma reflexão com olhar no futuro tomando como base o trabalho da universidade inglesa consultado por ele em seus estudos informais sobre a questão. O presidente afirmou que os generalistas correm risco com a automação. “Corre mais risco aquela advocacia que faz tudo, mas não faz nada tão específico que possa ser tão bom e distinto de qualquer outro porque realiza algo que ninguém faz. É isso que Oxford projeta para o futuro. Seremos, sim, substituídos por inteligência artificial. Estaremos mais longe da extinção se soubermos fazer algo muito específico que poucas pessoas possam fazer”, disse Pereira.
O presidente da OAB-GO abordou o mercado de trabalho e honorários ao falar durante o encontro. Tratando de precificação, ele ponderou sobre um desafio para a advocacia ao lidar com diferentes tipos de clientes. “Um pagamento justo de honorários é a medida certa do que você faz e o que você proporciona. Você tem de proporcionar ao cliente exatamente o que ele espera. Tem cliente que quer vitória, tem cliente que quer tempo, outro quer resposta. Cada cliente quer uma coisa e é equivocado achar que ele sempre contrata com o objetivo de ganhar o processo. Cada um tem uma demanda específica. Entender essa demanda permite ao profissional cobrar adequadamente e gerar valor”, afirmou Martins.
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